A volta das sacolas gratuitas nos comércios em Salvador
A partir deste domingo (14), estabelecimentos voltam a distribuir sacolas plásticas gratuitamente
Maria Assunção Santos teve uma surpresa ao fazer suas compras no supermercado na manhã deste domingo (14), ao se deparar com sacolas plásticas oferecidas gratuitamente: "Desci do carro levando minha sacola e até lembrei que tinha esquecido as outras em casa. E aí na hora de pagar, me ofereceram. Minha filha já foi logo perguntando 'tá cobrando?' e me disseram que estava liberando de graça", contou a aposentada animada.
A partir de hoje, os supermercados de Salvador não cobrarão mais pelas sacolas plásticas, tendo a distribuição gratuita garantida por lei. Trata-se de uma alteração da lei nº 9.699/2023, em vigor desde o dia 12 de maio, que proibia a disponibilização gratuita de sacolas plásticas (recicláveis ou não) em todos os estabelecimentos comerciais da cidade. Aqueles que optassem pela venda, só poderiam comercializar sacolas recicláveis.
Aprovada na Câmara Municipal de Salvador, na terça-feira, 11 de junho, a nova lei, nº 9.817/2024, determina: “Os estabelecimentos comerciais devem ofertar gratuitamente aos clientes alternativas para as sacolas plásticas não recicláveis, tais como sacolas de papel e/ou sacolas plásticas recicladas pós-consumo.”
A comercialização das sacolas plásticas era o principal incômodo de Maria Assunção, que considerava injusto o valor cobrado: "Eu sou assalariada, mas muitas pessoas nem salário têm. Aí você chega no mercado para fazer compra e você tem que pagar 10, 15, 20 centavos? Não podia ser menos? Pra quem ganha seus mais de 6 mil tudo bem, mas agora ficou melhor para todo mundo. E ainda fica mais complicado quando é compra grande. Espero que eles não retornem como era antes", declara a aposentada.
A balconista de farmácia Gisele Novais também concorda com o ponto levantado por Maria: "Eu não acho justo tirar do consumidor o valor das sacolas. Eu entendo que é uma questão importante, ambiental, mas eu acho que só as sacolas não resolvem todos os problemas. Tem que ter um equilíbrio, uma consciência para quando utilizar não ir já descartando, para ter o descarte no lugar correto também, várias coisas. Essas sacolas, por exemplo, agridem menos o meio ambiente, a proposta é boa, mas não acho que tem que tirar do bolso do consumidor", defende.
Destacado por Gisele, um dos itens que permanece igual à lei anterior é a obrigatoriedade de embalagens recicláveis, como as sacolas biodegradáveis ou sacos de papel. Nos caixas, podem ser vistas embalagens plásticas com o símbolo de três setas de reciclagem. Algumas vêm com inscrições como "Reutilize esta sacola para entregar seu material para a Coleta Seletiva da cidade de Salvador", além da indicação de quais resíduos são considerados recicláveis.
Mesmo com a liberação das sacolas, no carrinho da psicóloga Angélica Mendes a prevalência ainda são suas próprias sacolas reutilizáveis. "Eu usava as sacolas do supermercado, depois passei a comprar e acho que a mudança nas sacolas, mesmo que a gente pagasse, era importante porque é importante para o meio ambiente, eu achava justo. Acho que com a venda, deixou de ser uma coisa tão 'fácil' e me fez me comprometer mais para trazer minhas sacolas e pretendo continuar trazendo. A gente tem que reduzir mesmo o uso e a produção de plástico", pondera.
Marivaldo Silva também afirma ter se atentado mais para levar suas próprias sacolas, ainda que não tenha sido uma adaptação 100%, precisando recorrer eventualmente às sacolas pagas ou a caixas de papelão pelos corredores: "Eu acho que foi um bom recado, acho que as pessoas vão usar menos, pelo menos eu e minha esposa em casa já pensamos mais sobre o assunto, acabamos usando menos e reutilizando, porque a gente pegava as sacolas e acabava jogando no lixo. Então acho que vai trazer um bom impacto para o meio ambiente", pontua.
Divulgação: Correio