Manifestantes ocupam ruas de Salvador contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia

O Farol da Barra amanheceu tomado por manifestantes na manhã de ontem, em protesto contra a PEC da Blindagem e o PL da Anistia. A concentração começou no Morro do Cristo e seguiu em caminhada até o Farol, em um percurso marcado por palavras de ordem e apresentações culturais. A mobilização contou com trios elétricos conduzidos pela cantora Daniela Mercury, o ator Wagner Moura e o cantor Baco Exu do Blues, além da participação do Cortejo Afro e da atriz Nanda Costa.
Em Salvador, a manifestação foi liderada pelo professor e militante Kleber Rosa (PSOL), com o apoio de parlamentares, sindicatos, movimentos sociais e estudantis. Rosa afirmou que é fundamental manter a pressão nas ruas para que o Senado rejeite a proposta:
“Os próximos passos d Eu acho que é se manter na rua para garantir que o Senado barre a PEC. Isso é fundamental para preservar a autonomia do STF e dar um recado definitivo de que o povo não aceita manobras que fragilizam nossas instituições. Essa proposta é muito mais do que mero protecionismo a possíveis criminosos, ela é um enfrentamento direto ao Supremo e uma tentativa de desmoralizar a democracia brasileira.”
O ator Wagner Moura também destacou a importância da mobilização popular: “Hoje eu acordei e vim aqui com vontade de só dizer coisa boa. Falar desse Congresso, de leis de desmatamento e de bandidagem, me deu preguiça. Eu quis mesmo foi celebrar esse momento extraordinário da nossa democracia, que é exemplo para o mundo todo. A gente cresceu ouvindo que a democracia brasileira era frágil e jovem. Pois agora ela mostrou sua força, botou pra valer.”
O ato integrou uma onda de manifestações que tomou 33 cidades brasileiras, incluindo 22 capitais e o Distrito Federal. Um dos lemas mais entoados foi “Congresso inimigo do povo”, em resposta à aprovação da PEC da Blindagem em segundo turno na Câmara dos Deputados. O texto segue agora para apreciação no Senado.
A proposta limita a prisão em flagrante de parlamentares, condiciona a abertura de processos criminais à autorização do Legislativo e estabelece que as votações ocorram de forma secreta. Críticos afirmam que a medida enfraquece a transparência e a responsabilização de deputados e senadores. Segundo levantamento da Quaest, 83% das menções à PEC nas redes sociais foram negativas.
Além da PEC, os manifestantes também se posicionaram contra o PL da Anistia, que prevê o perdão de condenações relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro, sentenciado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, classificou o momento como histórico e enfatizou a importância da pressão popular: “Quando eu estava chegando aqui à Barra, fiquei bastante emocionado em ver essa quantidade de pessoas. Não é só a militância, é o povo na rua entendendo a necessidade de lutar contra essa PEC, que só beneficia parlamentares que cometeram crimes. Nossa democracia é jovem e frágil, e a cada instante vem sendo ameaçada. Por isso, é fundamental que continuemos mobilizados em defesa dos trabalhadores e da população brasileira.”
Nas redes, o movimento ganhou força após a convocação de deputados do PSOL como Guilherme Boulos, Erika Hilton e Tarcísio Motta. O abaixo-assinado virtual organizado pela deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) já ultrapassa 1,4 milhão de assinaturas.
Com as ruas tomadas em diversas capitais, a expectativa é de que a pressão popular influencie os rumos da votação no Senado.