Casos de cárcere privado com transmissão ao vivo crescem
Ocorrências de cárcere privado com transmissão ao vivo pela internet têm acontecido com frequência na Bahia
Somente em Salvador, de janeiro até 11 de setembro deste ano, 17 casos de sequestro foram registrados, de acordo com o Bope.
Até três anos atrás, era comum os suspeitos entrarem nas casas dos reféns e pedirem a presença da imprensa, familiares e advogados para negociarem rendição. No entanto, os criminosos passaram a utilizar as mídias sociais.
O primeiro caso de cárcere privado transmitido ao vivo no estado foi registrado em 2021, no bairro de Amaralina, pelo Bope. A partir deste sequestro, o modelo se tornou comum e passou a ser usado nas negociações com a polícia.
Os bairros de Tancredo Neves e Engomadeira concentram 90% dos casos. Em 2023, os criminosos também fizeram reféns nas localidades de Águas Claras e Uruguai. Nos últimos três anos, três ocorrências desse tipo foram registrados no interior do estado.
O coordenador do Observatório de Segurança da Bahia, Dudu Ribeiro, acredita que é importante a responsabilização das empresas responsáveis pelas plataformas digitais no gerenciamento dos conteúdos e a regulação das mídias.
"Nós estamos falando de um cenário que há altíssima letalidade promovida pelos agentes da segurança. Então, existe também um movimento de auto proteção quando se constrói essas ações virtuais", disse Dudu Ribeiro.
Luiz Henrique Pires, Major da Polícia Militar, fez uma alerta e informou que acompanhar esse tipo de transmissão não é crime, mas é monitorada pelo Bope e isso pode gerar momentos de tensão. Ele acredita que isso pode dificultar a rendição dos criminosos.
"Já tivemos ocorrências com lives com quase 5 mil pessoas. Isso gera um aumento do nível de estresse e engajamento dos causadores do cárcere privado porque eles acreditam que está aumentando o nível de visualizações", relatou o policial.
Para o advogado criminalista Luiz Requião, as transmissões não deveriam ser vistas e compartilhadas pela população porque, para ele, isto aumenta a sensação de medo proporcionada pelos criminosos.
"Quanto mais você compartilha, divulga e encaminha para outras pessoas este objetivo está sendo cumprido. Isto é uma tática de guerrilha. É você inserir o medo na pessoa. Quanto mais medo eu conseguir inserir, mais poder eu tenho", disse o advogado.
Créditos: G1